Capitulo 11

 

As 19 Landmarks de Luke A. Lockwood (1867) e o Direito Maçônico

Introdução

No panorama da Maçonaria do século XIX, a sistematização dos princípios que regulam a Fraternidade era essencial para garantir uniformidade, disciplina e preservação da tradição diante do crescimento das jurisdições maçônicas. Em 1867, Luke A. Lockwood, em sua obra Masonic Law and Practice, propôs uma lista detalhada de 19 Landmarks, ou marcos essenciais, para a Maçonaria, reforçando a necessidade de preservar a doutrina, os rituais e as normas internas contra inovações indevidas.

Este capítulo examina as 19 Landmarks de Lockwood, destacando sua importância na definição da identidade maçônica e na manutenção da ordem e da hierarquia dentro da instituição.

Contexto Histórico

Luke A. Lockwood publicou sua obra três anos após John W. Simons, e sua lista reflete uma tentativa de detalhar ainda mais os fundamentos da Maçonaria, abordando não apenas aspectos ritualísticos e morais, mas também organizacionais e legais. A obra tornou-se referência para estudiosos e membros da Maçonaria interessados em compreender as regras imutáveis da Fraternidade.

As 19 Landmarks segundo Luke A. Lockwood

  1. Crença em um Ser Supremo, revelação divina, ressurreição e imortalidade: Lockwood amplia a definição espiritual maçônica ao incluir a crença em alguma revelação da vontade divina e na ressurreição do corpo, reforçando a dimensão religiosa da Maçonaria.

  2. Obrigações, modos de reconhecimento e a lenda do terceiro grau: Os juramentos, sinais e a narrativa simbólica da terceira etapa da iniciação são elementos centrais e invioláveis.

  3. Inculcação das virtudes morais e da religião natural por símbolos solomonicos: A Maçonaria utiliza símbolos derivados do Templo de Salomão para ensinar valores éticos e espirituais, preservando tradições e rituais específicos.

  4. Obediência à lei moral e civil: O maçom deve respeitar tanto a moral universal quanto as leis do país onde vive.

  5. O Grão-Mestre como chefe da Ordem: Lockwood destaca a autoridade suprema do Grão-Mestre na governança maçônica.

  6. O Mestre como chefe da Loja: Cada loja é liderada pelo seu Mestre, que detém autoridade local.

  7. A Grande Loja como autoridade máxima em sua jurisdição: A Grande Loja tem poder soberano dentro de seus limites territoriais.

  8. Direito de representação da loja na Grande Loja: As três primeiras autoridades da loja (ou seus procuradores) têm o direito inerente de representar a loja na Grande Loja.

  9. Autonomia da loja para fazer maçons e administrar seus assuntos privados: Cada loja possui poderes próprios para admissão e gestão interna.

  10. Requisitos para o candidato: Deve ser homem, de idade legal, nascido de pais livres, sem restrição de liberdade e em boa saúde.

  11. Aceitação por voto unânime após investigação: O candidato só pode ser aceito após aviso prévio, investigação e aprovação unânime da loja.

  12. Sigilo absoluto do voto: O voto na aceitação de candidatos é inviolavelmente secreto.

  13. Igualdade entre maçons: Todos os maçons são considerados iguais, sem distinções hierárquicas no corpo geral.

  14. Igualdade entre lojas: As lojas são pares entre si, reconhecendo-se reciprocamente.

  15. Igualdade entre Grandes Lojas: As Grandes Lojas mantêm status igualitário, preservando a autonomia de cada jurisdição.

  16. Necessidade de ser Ex-Vigilante para ser Mestre, salvo dispensa: Para ser instalado Mestre da loja, é necessário ter servido como Vigilante, a menos que haja dispensa do Grão-Mestre.

  17. Segredo dos juramentos, reconhecimentos e cerimônias: As obrigações e cerimônias dos graus são confidenciais e protegidas.

  18. Proibição de inovações no corpo da Maçonaria: Nenhuma alteração pode ser feita nos elementos essenciais da Maçonaria.

  19. Os Landmarks como Lei Suprema e imutável: As Landmarks são a lei máxima da Maçonaria, não podendo ser modificadas ou revogadas.

Análise e Significado

Lockwood amplia os marcos essenciais apresentados por Simons, incluindo detalhamentos sobre a dimensão espiritual, a estrutura hierárquica, a autonomia das lojas e o princípio da igualdade dentro da Fraternidade. Seu enfoque na inviolabilidade dos Landmarks como lei suprema destaca a resistência da Maçonaria a mudanças que possam comprometer sua essência.

Ao destacar a representação das lojas na Grande Loja e a igualdade entre as entidades maçônicas, Lockwood reforça a ideia de uma estrutura organizada e federalista, com respeito mútuo e soberania equilibrada.

O sigilo e a exigência de unanimidade para admissão de novos membros garantem a integridade e pureza da Ordem, protegendo-a contra influências externas e membros indesejados.

Conclusão

As 19 Landmarks de Luke A. Lockwood são um marco fundamental para a compreensão do direito e da prática maçônica no século XIX. Elas reafirmam a importância da tradição, da hierarquia e do segredo, bem como da moralidade e da fé em um Ser Supremo.

Este conjunto de princípios tem servido como referência para jurisdições maçônicas ao redor do mundo, garantindo a continuidade e a estabilidade da Maçonaria diante das mudanças sociais e políticas.

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