Capitulo 9
As 25 Landmarks de Albert G. Mackey e sua Relevância na Jurisprudência Maçônica
Introdução
As 25 Landmarks de Albert G. Mackey, compiladas em 1856 e publicadas em 1858 (e em seguida em 1859, na obra A Text Book on Masonic Jurisprudence), representam um marco fundamental na definição dos princípios essenciais da Maçonaria simbólica. Estas Landmarks foram adotadas, integralmente ou em parte, por diversas Grandes Lojas, incluindo todas as Grandes Lojas Prince Hall, e permanecem um ponto de referência crucial para a interpretação da tradição e das normas maçônicas.
Este capítulo apresenta as 25 Landmarks de Mackey, seus significados, e destaca as variações e críticas ao longo da história feitas por autores como Joseph Gabriel Findel, Theodor Vogel, Dieter Binder, Rolf Appel, e W. B. Ralph Hulquist. O objetivo é fornecer uma visão abrangente e rigorosa sobre o tema, enfatizando a importância dessas normas para a preservação da identidade e da legalidade maçônicas.
Histórico e Contexto
A formulação das Landmarks não é uma criação nova do século XIX, mas sim a codificação de tradições orais e práticas milenares da Maçonaria especulativa. Albert G. Mackey sistematizou essas normas, tentando fixar o que seria inalterável na prática maçônica. Contudo, ao longo do tempo, diferentes autores e jurisdições apresentaram variações e interpretações divergentes, o que revela a complexidade e o dinamismo do legado maçônico.
Joseph Gabriel Findel, por exemplo, omitiu a 7ª Landmark e reinterpretou a 8ª como um “Missbrauch” (abuso), enquanto Theodor Vogel atribuiu erroneamente a autoria das Landmarks a John Mackay em 1806. Dieter Binder publicou uma tradução comentada das Landmarks com base no trabalho de Rolf Appel, enfatizando a conexão com os antigos deveres (Ancient Charges) e as leis das Grandes Lojas da América e da Inglaterra. Heinz-Günter Deiters ofereceu uma versão bastante alterada e criticada, enquanto W. B. Ralph Hulquist destacou que, segundo Albert Pike, apenas três dessas seriam verdadeiramente landmarks, uma visão considerada restritiva pela maioria dos estudiosos.
As 25 Landmarks de Albert G. Mackey
A seguir, apresentamos as 25 Landmarks conforme o texto original de Mackey, com comentários sintéticos que realçam sua importância.
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Os modos de reconhecimento — São os sinais, palavras e toques que identificam um maçom, considerados os mais autênticos e fundamentais, sem permissão para alteração.
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A divisão da Maçonaria Simbólica em três graus — Aprendiz, Companheiro e Mestre; qualquer outro grau é considerado inválido.
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A lenda do terceiro grau — A lenda de Hiram Abiff deve ser mantida como parte essencial do ritual.
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Governo da fraternidade por um Grão-Mestre eleito — A autoridade do Grão-Mestre é fundamental, e este mantém seu cargo mesmo que não haja Grande Loja ativa.
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Prerrogativa do Grão-Mestre de presidir todas as reuniões da Grande Loja e conduzir as reuniões de qualquer loja sob sua jurisdição.
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Prerrogativa do Grão-Mestre de conceder dispensas para a concessão de graus em tempos irregulares.
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Prerrogativa do Grão-Mestre de conceder dispensas para abertura e funcionamento de lojas.
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Prerrogativa do Grão-Mestre de fazer maçons ‘à vista’, em uma loja especial convocada, dispensando o processo normal, seguida do imediato fechamento da loja.
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A necessidade de os maçons se reunirem em lojas para o trabalho.
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O governo da loja deve ser exercido por um Mestre e dois Vigilantes.
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As reuniões da loja devem ser devidamente ‘tiled’ (fechadas/seguras).
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Direito de todo maçom ser representado nas assembleias gerais da fraternidade.
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Direito de apelar para a Grande Loja contra decisões tomadas em lojas locais.
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Direito de todo maçom visitar e participar dos trabalhos de qualquer loja regular no mundo.
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Exame obrigatório para visitantes desconhecidos antes de ingressar na loja.
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Nenhuma loja pode interferir nas atividades de outra, nem conceder graus a membros de outras lojas.
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Todos os maçons estão sujeitos às leis e regulamentos da jurisdição maçônica onde residem, mesmo que não pertençam a uma loja local.
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Qualificações para candidatos: homem, sem mutilações, livre de nascimento, maior de idade e de boa reputação; mulheres, deficientes e escravos são excluídos.
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Crença no Grande Arquiteto do Universo como princípio fundamental da fé maçônica.
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Crença na ressurreição ou em uma vida futura, relacionada ao simbolismo do ritual.
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O Livro da Lei deve estar presente no altar em todas as reuniões da loja.
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Igualdade de todos os maçons dentro da loja, independente de status civil ou social.
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Segredo absoluto dos ensinamentos, símbolos, signos e práticas da Maçonaria.
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Fundamentação da Maçonaria como uma ciência especulativa baseada na arte operativa, usando símbolos para ensino moral e espiritual.
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Imutabilidade das Landmarks — não podem ser alteradas, adicionadas ou removidas, devendo ser transmitidas intactas às futuras gerações.
Comentários e Considerações
As Landmarks de Mackey são essenciais para manter a identidade maçônica e sua estrutura organizacional, defendendo a continuidade histórica e o respeito às tradições. Apesar de haver controvérsias em algumas jurisdições, sua adoção pela quase totalidade das Grandes Lojas Prince Hall demonstra seu valor universal.
Autores como Findel e Appel ajudam a compreender nuances históricas e filosóficas das Landmarks, enquanto a crítica de Hulquist e Pike convida à reflexão sobre o que deve ser considerado essencial na Maçonaria.
Conclusão
A codificação das 25 Landmarks de Albert G. Mackey representa um esforço notável de sistematização do patrimônio maçônico. Sua relevância persiste, pois mantém a ordem, o simbolismo e os princípios éticos da Maçonaria, permitindo que a instituição preserve seu caráter e missão frente às mudanças sociais e históricas.
O compromisso de preservar esses princípios, conforme o mandamento da Landmark 25, é uma obrigação que vincula todos os maçons, garantindo a perpetuação da arte real para as futuras gerações.
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