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Mostrando postagens de agosto, 2025

Capitulo 13

  As 39 Landmarks da Grande Loja de Nevada (1872) Introdução Em 1872, a Grande Loja do Estado de Nevada elaborou um conjunto extenso de 39 Landmarken , com a intenção de definir criteriosamente os princípios essenciais e imutáveis da Maçonaria regular. Essa lista, mais detalhada que as de outros autores da época, visa preservar a identidade, os ritos, as estruturas administrativas e os requisitos morais da Ordem, assegurando a uniformidade e legitimidade da prática maçônica. As Landmarken da Grande Loja de Nevada são frequentemente citadas como uma das primeiras tentativas sistemáticas de codificar, com minúcia, normas maçônicas abrangentes, que vão desde a teologia simbólica até a organização e rituais. Estrutura Geral As 39 Landmarken podem ser agrupadas em algumas categorias temáticas principais: 1. Princípios Fundamentais e Crenças A crença em um Ser Supremo (Grande Arquiteto do Universo). A obrigatoriedade da fé em uma revelação divina, a imortalidade da alma e a r...

Capitulo 12

  As Antient Landmarks segundo Joseph Gabriel Findel (1871) Introdução No final do século XIX, o estudo das tradições e princípios essenciais da Maçonaria passou por novas sistematizações. Entre os autores destacados, Joseph Gabriel Findel, em sua obra Geist und Form der Freimaurerei (Espírito e Forma da Maçonaria), propôs uma lista concisa e clara das chamadas “Antient Landmarks” (Antigas Marcas), que buscavam definir o núcleo imutável da Fraternidade Maçônica. Publicada originalmente em 1871, a sua versão tornou-se referência na historiografia maçônica alemã e internacional. Este capítulo analisa os nove pontos essenciais propostos por Findel, suas fundamentações e seu papel na delimitação da identidade maçônica, ressaltando sua importância para o entendimento da organização interna e das normas da Maçonaria. Contexto Histórico e Publicação O catálogo das Landmarken de Findel, embora publicado em 1871, tem raízes em uma versão resumida datada de 1869, apresentada na revista...

Capitulo 11

  As 19 Landmarks de Luke A. Lockwood (1867) e o Direito Maçônico Introdução No panorama da Maçonaria do século XIX, a sistematização dos princípios que regulam a Fraternidade era essencial para garantir uniformidade, disciplina e preservação da tradição diante do crescimento das jurisdições maçônicas. Em 1867, Luke A. Lockwood, em sua obra Masonic Law and Practice , propôs uma lista detalhada de 19 Landmarks , ou marcos essenciais, para a Maçonaria, reforçando a necessidade de preservar a doutrina, os rituais e as normas internas contra inovações indevidas. Este capítulo examina as 19 Landmarks de Lockwood, destacando sua importância na definição da identidade maçônica e na manutenção da ordem e da hierarquia dentro da instituição. Contexto Histórico Luke A. Lockwood publicou sua obra três anos após John W. Simons, e sua lista reflete uma tentativa de detalhar ainda mais os fundamentos da Maçonaria, abordando não apenas aspectos ritualísticos e morais, mas também organizacion...

Capitulo 10

  As 15 Landmarks de John W. Simons (1864) e os Princípios Essenciais da Jurisprudência Maçônica Introdução No contexto do século XIX, a Maçonaria buscava consolidar seus princípios fundamentais diante do crescimento e da diversidade das jurisdições maçônicas. Uma importante contribuição para essa sistematização foi apresentada por John W. Simons em 1864, em sua obra A Familiar Treatise on the Principles and Practice of Masonic Jurisprudence . Simons estabeleceu uma lista de 15 Landmarks , ou princípios essenciais, que deveriam nortear a prática e a organização maçônica, influenciando jurisdições e compiladores posteriores, como Robert Macoy, que os registrou em seu General History, Cyclopedia, and Dictionary of Freemasonry (1869). Este capítulo apresenta as 15 Landmarks de Simons, explorando sua significância jurídica e ritualística, além de sua influência na manutenção da ordem, disciplina e tradição maçônica. Contexto Histórico John W. Simons atuou em um momento no qual a ...

Capitulo 9

  As 25 Landmarks de Albert G. Mackey e sua Relevância na Jurisprudência Maçônica Introdução As 25 Landmarks de Albert G. Mackey, compiladas em 1856 e publicadas em 1858 (e em seguida em 1859, na obra A Text Book on Masonic Jurisprudence ), representam um marco fundamental na definição dos princípios essenciais da Maçonaria simbólica. Estas Landmarks foram adotadas, integralmente ou em parte, por diversas Grandes Lojas, incluindo todas as Grandes Lojas Prince Hall, e permanecem um ponto de referência crucial para a interpretação da tradição e das normas maçônicas. Este capítulo apresenta as 25 Landmarks de Mackey, seus significados, e destaca as variações e críticas ao longo da história feitas por autores como Joseph Gabriel Findel, Theodor Vogel, Dieter Binder, Rolf Appel, e W. B. Ralph Hulquist. O objetivo é fornecer uma visão abrangente e rigorosa sobre o tema, enfatizando a importância dessas normas para a preservação da identidade e da legalidade maçônicas. Histórico e Co...

Capitulo 8

  1856: Os 17 Landmarks de Rob Morris Rob Morris, uma das figuras mais influentes na Maçonaria americana do século XIX, definiu um conjunto de 17 Landmarks que visam preservar os princípios essenciais da Maçonaria. Essas Landmarks foram divulgadas em seu Code of Masonic Law e têm sido referências para a tradição maçônica, embora existam variações e interpretações posteriores (como as 27 Landmarks mencionadas por A. Gerald Gibbs). 1. Imutabilidade e Obrigatoriedade dos Landmarks Os Landmarks maçônicos são imutáveis e devem ser rigorosamente respeitados, pois formam a base imprescindível da ordem. 2. Natureza da Maçonaria A Maçonaria é um sistema e um ensinamento que, simbolicamente, promove: Piedade Moralidade Ciência Caridade Autodisciplina 3. A Lei de Deus A Lei Divina é o limite e a regra máxima dentro da Maçonaria. 4. O Direito Civil A lei civil é obrigatória para os maçons, desde que esteja em conformidade com a Lei Divina . 5. Unidade das Institui...

Capitulo 7

  As 31 Landmarks das Antigas Constituições da Grande Loja de Nova York Entre 1856 e 1869, a Grande Loja de Nova York consolidou um conjunto de 31 Landmarken , que formam um corpo normativo detalhado para a prática e organização da Maçonaria naquela jurisdição. Publicados no clássico de Robert Macoy, estes Landmarks refletem um esforço para normatizar e preservar a integridade da ordem maçônica, combinando princípios doutrinários, éticos, rituais e administrativos. Princípios Doutrinários e Éticos (1-7) A crença no Arquiteto Supremo do Universo é obrigatória para todos os candidatos, reafirmando o caráter teísta da Maçonaria. Todos os maçons devem seguir a lei moral como guia fundamental de sua conduta. A obediência à lei e à autoridade maçônicas é imprescindível para a disciplina interna. Os ritos e cerimônias , incluindo os do Rito de York Antigo, são imutáveis , não podendo sofrer alterações por qualquer indivíduo. Contendas e processos judiciais entre irmãos...

Capitulo 6

  As 26 Landmarken da Grande Loja de Minnesota Em 1856, a Grande Loja do Minnesota formulou um conjunto de 26 Landmarken (marcos fundamentais) que representam um dos registros mais abrangentes e normativos da Maçonaria americana do século XIX. Essas Landmarken, em sua totalidade, não apenas espelham os princípios tradicionais da Maçonaria, como também marcam uma tentativa de sistematizar as normas, deveres e direitos maçônicos sob uma lógica racional e legalista, coerente com os ideais do período. O primeiro marco já estabelece uma base doutrinária sólida: a crença num Ser Supremo — o Grande Arquiteto do Universo — que pune o vício e recompensa a virtude é um pré-requisito inegociável para admissão à Maçonaria . Este princípio evidencia o caráter teísta e moralizante da ordem, contrapondo-se a qualquer tentativa de laicização total. O segundo marco reforça a centralidade da lei moral , ancorada em virtudes clássicas como caridade, probidade, indústria e sobriedade — alinhando-se...

Capitulo 5

  Os Nove Landmarken atribuídos a Joseph D. Evans: Tradição Ritualística e Autoridade Maçônica (c. 1854–1900?) A tradição maçônica moderna, especialmente a anglo-americana, viu no século XIX uma crescente necessidade de sistematizar e codificar os fundamentos da Ordem por meio dos chamados Landmarks — princípios considerados essenciais, imutáveis e universais. Nesse contexto, além da célebre contribuição de Albert Mackey (1858), surgem outras tentativas menos difundidas, porém igualmente significativas, como a atribuída a Joseph D. Evans , Past Grand Master da Grande Loja de Nova York , cuja lista de nove Landmarken foi mais tarde citada por Lennhoff e Posner (1932) e aprovada por J. F. Newton . A datação precisa dessa formulação é controversa. Embora alguns autores mencionem o ano de 1854 como possível referência, evidências apontam que essa lista foi sistematizada após 1900 , segundo Thomas Richert (2010) . Ainda mais, S. Brent Morris (1991) sustenta que o próprio Evans nã...

capitulo 4

  A Grande Loja do Missouri e a Canonização das Old Charges como Landmarks (1850) No ano de 1850 , a Grand Lodge of Missouri , uma das jurisdições maçônicas dos Estados Unidos mais influentes no período da expansão territorial americana, tomou uma decisão singular: adotou oficialmente as “Old Charges” como seus Landmarken , conferindo-lhes um caráter normativo e quase sagrado. Este movimento, ao mesmo tempo conservador e inovador, inscreve-se no esforço mais amplo, típico do século XIX, de sistematizar, consolidar e codificar a identidade maçônica em um contexto de pluralidade e rápida transformação social. As Old Charges , também conhecidas como Ancient Charges , são uma coleção de manuscritos maçônicos que remontam ao final da Idade Média e ao início da modernidade. Os mais conhecidos são os manuscritos Regius (c. 1390) e Cooke (c. 1410) , seguidos por inúmeras versões que se difundiram entre os séculos XVI e XVIII. Esses textos continham narrativas lendárias sobre a origem ...

capitulo 3

  As Landmarken de George Oliver – Entre a Tradição e a Sistematização Moral da Maçonaria Em 1846, o reverendo e maçom inglês George Oliver (1782–1867) publicou uma importante coletânea de reflexões sobre a história e os fundamentos da Maçonaria intitulada The Historical Landmarks and other Evidences of Freemasonry explained . Esta obra, que se desdobraria em 1863 com a publicação das 52 palestras sob o título Freemason’s Treasury , tornou-se uma referência para estudiosos e maçons interessados em compreender a espinha dorsal da tradição maçônica britânica do século XIX. A influência de Oliver é tamanha que, segundo Nathan A. Shoff (2007), é possível reunir e sistematizar oito Landmarken atribuídos ao autor, os quais encontram eco nas definições publicadas por Robert Macoy em A Dictionary of Freemasonry (New York: Bell 1989; Random House 1990, p. 221-224), onde os landmarks são agrupados em quarenta definições principais. A proposta de Oliver visa, de certo modo, não apenas m...

capitulo 2

  A Wigan Grand Lodge e a Reafirmação dos Princípios dos Ancients: As 15 Landmarken de 1823 A fundação da Wigan Grand Lodge , em 1823, no condado de Lancashire, Inglaterra, marcou um momento singular na história da maçonaria inglesa. Surgida logo após a união das Grandes Lojas dos Ancients e dos Moderns em 1813 — união essa que deu origem à United Grand Lodge of England (UGLE) —, a Wigan Grand Lodge representou uma tentativa de restaurar os princípios e práticas da tradição dos Ancients , que muitos consideravam ter sido absorvida e diluída na nova estrutura unificada. Essa dissidência não foi apenas institucional; ela teve um forte conteúdo doutrinário, baseado na preservação de certos princípios que os Ancients julgavam fundamentais, os quais foram sistematizados em uma lista de 15 Landmarken . Essas Landmarken foram posteriormente registradas e analisadas na Coil’s Masonic Encyclopedia (1995, pp. 688–689), e constituem uma das declarações mais explícitas da maçonaria de or...

Capitulo 1

  A Lodge of Promulgation e os Primeiros Esforços de Sistematização das Landmarken (1809–1810) No início do século XIX, em meio às tentativas de reconciliação entre as duas principais correntes da maçonaria inglesa — os Ancients e os Moderns —, surgiu um esforço notável de identificação e sistematização dos princípios fundamentais que definiam a prática maçônica regular. Esse processo foi catalisado pela criação da Lodge of Promulgation , em 1809, sob os auspícios da Grande Loja dos Modernos. A referida loja teve como objetivo preparar o caminho para a futura união com os Ancients , que culminaria, em 1813, com a formação da United Grand Lodge of England (UGLE). Para tanto, ela se propôs a identificar e reafirmar elementos essenciais da maçonaria que seriam aceitos como universais ou "landmarks". Conforme relatado por Charles Clyde Hunt em The Landmarks of Freemasonry (1943, pp. 26-30), a Lodge of Promulgation formulou quatro landmarken fundamentais , que foram entend...

Introdução – Em busca das Landmarken perdidas

  Introdução – Em busca das Landmarken perdidas No vasto edifício simbólico da Maçonaria, poucas palavras carregam tanto peso e, ao mesmo tempo, tanta indefinição quanto Landmark . No sentido literal, "landmark" designa um marco geográfico, um ponto de referência no terreno que orienta o viajante. No contexto maçônico, contudo, o termo ganha um valor teológico, filosófico, ritualístico — e, por vezes, até dogmático. A questão que se impõe, e da qual este livro parte, é: o que, afinal, são as Landmarken da Maçonaria? Ao longo de mais de dois séculos, foram propostas mais de 500 Landmarken , divididas em mais de 50 grupos distintos , elaboradas por autores, Lojas e Grandes Lojas de diferentes épocas e geografias. De 1809 a 2013, essa proliferação de tentativas de fixar os "marcos essenciais e imutáveis" da Ordem revela algo que parece paradoxal: se há tantas Landmarken, será que existe realmente uma? A presente obra não busca apenas compilar as listas conhecidas — ...